Vi estes rapazes dentro da mala de um táxi que percorria as ruas de Cabul. Achei imensa graça e fiz várias fotografias. O que acontecera era que o táxi estava cheio e por isso os passageiros seguintes saltavam para a mala. Isso é o que acontece no Afeganistão. E quando a mala está cheia, as pessoas saltam para o tejadilho. O resultado é que por vezes pode haver vinte passageiros ou mais num automóvel. O mercado dos automóveis em segunda mão é florescente no Afeganistão. Este era um Chevrolet de 1959 que tinha talvez vindo do Irão, do Paquistão, da Índia ou da Ásia Central. Os miúdos na mala faziam parte da comunidade hazara. Os seus traços parecem mais chineses do que afegãos porque os seus antepassados, que remontam à época de Gengis Khan, vieram da Ásia Central. Chegaram há cerca de 500 ou 600 anos e por isso o seu aspeto é mais semelhante ao dos chineses do que ao dos afegãos.
Cabul, Afeganistão, 1992
